sábado, 5 de dezembro de 2009

CONSCIENCIA DE UM DERROTADO, Erick Henrique

Amigo!


É uma bela vista daqui de cima, não achas?

Queres fazer parte deste cenário, não é?

É uma boa idéia, visto que tu já sem esperanças não tem mais o que fazeres da vida.

Pois é, jovem amigo são muitos os motivos para um suicídio, tuas duvidas cada vez maiores, aquela mulher que amas vai embora, nunca arrumastes um emprego descente na vida, e por falar em vida, ele realmente é uma bosta! Nada dá certo, por maior que fosse teu esforço, aquele professor sempre pegava no seu pé, sempre levastes a culpa por coisas que teu irmão fez. Cara! O Black Sabbath já era! E como se não bastasse fostes assaltando há poucos instantes por um moleque, eu sei, foi a gota d’ água.

São muitos os motivos para que pules!

Tu, és um fodido, meu irmão!

É realmente alto. Já sonhastes voando?

Vai!

O que foi? Fraquejou?
Eu sabia!

Falei-te os motivos que te fazem querer pular, mas é lógico que existem os motivos para desistires desta insensatez, a balança não está vazia do outro lado, mas cabe a você julgar qual lado pesa mais.

Tu vais pular e deixar seus sonhos para traz?

Sempre quisestes se formar, e agora?

Tua banda, sonhada desde a adolescência e agora concretizada, como fica?

Se o Black Sabbath voltar à formação original você não vai querer estar lá para vêr?

Você nunca mais comerá aquela torta que sua mãe faz e você adora.

E aquele amigo que contigo tomava Wisk e fazia revoluções de bar.

E teu cachorro sempre brincando com você quando você chega, vai deixá-lo esperando para sempre?

Seus próximos amores que estão a vir?

Nunca mais abraçaras teu amigo e dar-lhe-á um beijo na testa sem achar isso gay, só porque ele teve mais uma decepção amorosa.

Nunca terás a chance de agradecer aquele estranho que te ajudou quando estavas perdido.

Não trocaras de canal para um programa mais erótico quando teu pai estiver assistindo TV só para deixá-lo embaraçado.

E quando mandarás teus amigos tomarem no cu só para rir deles depois?

Não ficaras mais com a barriga doendo de tanto rir com desenhos animados.

E aquela menina linda que sempre quisestes falar com ela e te faltava coragem?

Jamais farás uma prova na faculdade bêbado.

Nunca mais iras ver esta bela vista novamente!

Como eu já avia dito antes, tu és um fodido! Como pudestes pensar em matar- se com tudo isto?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

BASTARDO, Erick Henrique

Meu nome é Samuel, tenho quarenta e três anos, não conheci meu pai, e minha mãe me deixou em um orfanato quando eu tinha sete anos, sofri muito, mas minha mãe falou que era para meu bem, pois ela não tinha condições financeiras para me manter. Lembro-me dela falando sobre meu pai, “um homem alto, bonito e aventureiro”, um aventureiro que tinha varias mulheres por onde passava, até que um dia encontrou uma mulher por quem apaixonou-se (essa mulher não era a minha mãe). Quando ele casou-se minha mãe estava grávida de mim, mas achou melhor não falar para ele. Hoje trabalho em um hospital não sou medico ou enfermeiro, sou um faxineiro, sou uma pessoa frustrada eu queria mesmo era trabalhar em um navio, viajar, conhecer pessoas, ir de cidade em cidade- como meu pai fazia, ele vivia no mar, em grandes embarcações- eu me lembro de quando eu estava no orfanato imaginando a imensidão do mar e um navio conseguindo desbravá-lo e meus colegas zombavam de mim faziam musicas para me ofender.


Só contei isso para mostrar como eu uma pessoa desiludida posso ter mais sentimentos para com um paciente deste hospital que a sua própria família. Esse paciente era um velho solitário que deu entrada no hospital a dois meses atrás quando teve uma parada cardiorrespiratória que foi quase fulminante, um diabético com uma infinidade de problemas cardíacos, um homem com um olhar triste, solitário, melancólico, ele sempre passava a mão nas duas alianças no seu dedo, isso sempre me dava um aperto no coração.

Ouvi um boato de que um antigo comandante aposentado da marinha estava internado no quarto 473, então fui lá correndo para arrumar o quarto (lógico que foi apenas uma desculpa) Cheguei lá e perguntei:

- Boa noite, está tudo em ordem¿

E ele respondeu:

-Claro que não! Não posso comer nada só mato e comida sem gosto, não me deixam nem tomar meu Wisk.

Então ele abriu um sorriso.

Assim conheci o comandante que tinha o mesmo nome que eu, e ficamos amigos. Eu adorava quando ele contava suas aventuras, como quando salvou de um afogamento um de seus subordinados, todas as mulheres que teve, até encontrar sua verdadeira paixão, Carmem era o nome dela, por ela deixou todas as outras, com ela teve uma filha, que foi criada com todo amor que se pode dar a uma criança, hoje ela tem dois filhos, é casada e ocupada de mais para visitar o pai, que um dia foi rico e está falido, pois gastou todo seu dinheiro no tratamento de Carmem contra um câncer, tratamento esse que foi inútil. Agora ele vive com a aposentadoria que recebe.

Eu ia vê-lo e ouvi-lo todos os dias às vezes ele quase que me implorando pedia que eu levasse em uma pequena garrafinha o seu tão sagrado Wisk, levei poucas vezes, mas me arrependi de todas. Um dia quando estava fazendo minha rotineira visita ao quarto 473 encontrei-o vazio, fui correndo a recepção.

-Onde está o senhor do 473?

-Esta na U T I, teve uma crise (explica a secretaria).

Olhei do lado de fora pelo vidro por não poder entrar, e observei todos aqueles aparelhos ligados a ele. Ele ficou lá algumas semanas e sua filha só foi vê-lo duas vezes, então ele acordou em uma manhã um pouco nublada passou um tempo em observação e recebeu a noticia que poderia ir para casa, então ele veio me contar com a voz tremula e baixinha:

-Samuel meu amigo, estou melhor já posso ficar com minha família, um dia volto para visitar-lhe.

É... Ele nunca mais voltou para me visitar, morreu no outro dia, na verdade os médicos só queriam que ele vice a família antes de morrer. Fiquei sabendo do horário de seu enterro e fui dar meu ultimo adeus.

Havia muita gente, sua filha estava ao lado do marido.

Começou a chover, as pessoas foram saindo uma a uma inclusive sua filha, até ficar apenas eu, fui a única pessoa a ver a terra cobrir completamente o caixão. Tirei do bolso do meu casaco uma garrafinha com um pouco de wisk e derramei em cima da cova como em um ritual.

-Adeus meu grande amigo Comandante Samuel.

domingo, 29 de novembro de 2009

UM DIA NUBLADO, Erick Henrique


Era um dia nublado Romeu estava na rua quando a tempestade caiu, ele correu para se abrigar embaixo da sacada de um prédio, quando viu uma bela jovem que saltitava, enfiando seus pés em possas d’água, não era uma jovem qualquer era a mais linda jovem que já vira, ela se aproximava, e ele ficava cada vez mais inquieto, estão ela chega, para ao lado dele. Ele a observa, a roupa grudada aquele corpo, ele não conseguia tirar os olhos dela, os cabelos encaracolados e negros até o ombro, os grandes olhos brilhantes, o sorriso, ela sorria com imensa felicidade, e que belo corpo ela tinha, era impossível não sentir- se atraído, sobe novamente seu olhar para o olho dela, ela também o olhava, um breve instante de silencio é quebrado pelo riso gostoso daquela jovem. Então ela sai correndo novamente e saltando pela rua, ele a observa por um tempo e depois também corre. A chuva torna- se cada vez mais forte, ela vira a esquina e Romeu a perde- a de vista. Barulho, uma freada, gritos; Ele apreça- se, quando da de cara com a linda jovem caída. Ela avia sido atropelada, a multidão ao redor apenas olhava a moça desfalecida, aquilo chocava. Em pouco tempo chega à ambulância, ele anota a placa do corro SPS1312, o que não adianta de nada, os paramédicos a examinam, mas ela já avia morrido, tentam tudo que é possível, mas ela não reage. Ele grita desesperado:


- Não pode ser...

Eram 11 meses de um intenso e verdadeiro amor.

Três dias após o acidente Romeu é enterrado.

sábado, 14 de novembro de 2009




BANDITISMO, Erick Henrique

Chora o filho
-É fome
Uma decisão
Uma arma- é fria.
Em um lugar escuro
-O dinheiro, rápido
Corre!
Corre!
Luzes, cirenes!
Corre!
três tiros!
Chora o filho,
Chora a mãe.

MEU ENCONTRO COM PABLO, Erick Henrique

Pablo era jovem, pacato e simples. Dono de uma vida normal, ainda não trabalhava; estudava, apenas. Nessa época, eu o conheci. Ele muito falava de mim a seus amigos, escrevia sobre mim e divulgava minhas historietas. Sempre nutriu uma quase-devoção por minha pessoa, mas, lógico, não queria chamar a atenção, não naquele momento.







Vários contos foram criados sobre mim. Como quando tive um encontro com certo psicólogo – afinal, também fico estressado, também sou filho de Deus. Não obstante, sempre falar e escrever sobre mim, Pablo nunca me vira pessoalmente.






Esperei-o no lugar por onde ele sempre passava. Eu o conheço e antecipo seus pensamentos como ninguém. Cheguei ao local, não esperei muito, logo ele estava lá. Olhou-me e ignorou-me, como se não me conhecesse – Pablo, conheces-me apenas nunca encontrou- se comigo. Então, chamei-o.






-Pablo!


Ele olhou e veio até mim.


-Como estás, velho amigo?


-Velho amigo? Quem é você? Qual seu nome?


-Chamam- me por vários nomes, mas podes chamar-me Lúcio, Lúcio Feras. Gosto de ti. E amiúde falas de mim. Gosto disto nas pessoas.


Nunca falei de você. Nunca nem vi você.


-Sempre estive contigo. Coloquei meus pensamentos em tua cabeça. Influenciei-te em várias decisões, ajudei-te a viver, e você em troca, contas minhas historias, até desenhos fizeste de mim, de meus discípulos – sempre soubeste de minha verídica face.


-Não é possível. Você não é... será?... prove!


Pablo, Pablo, não preciso provar, sabes que digo a verdade, embora dela não seja eu o pai.






O medo chamejou nos olhos de Pablo, sua face estava pálida. Então julguei melhor partir. Deixei apenas um leve odor de enxofre, uma de minhas marcas. Acho que não estava pronto para me ver. Quem sabe hoje, à meia-noite.

A VERSÃO DE PABLO, Erick Henrique

Meu nome é Pablo e nunca fui muito estudioso mas sempre gostei de escrever e estudo no horário da noite e quando a aula está muito chata fico desenhando. Sempre fui atraído a coisas sobrenaturais – não anjos e essas coisas – para ser específico gosto é de demônios e possessões e aparições do mal mas não precisa se assustar. É lógico que não sou satanista ou coisa do gênero. Sou um curioso ou melhor eu sou um autor e invento contos com essa temática e faço desenhos e mostro aos meus amigos.







Mas o que vou contar agora foi muito estranho e estou ainda assustado. Eu tinha acabado de chegar da faculdade tomado banho e comido e sentado diante do computador que é um costume meu. Foi quando me bateu uma estranha vontade de sair pois minha casa estava meio abafada e eu precisava tomar um pouco de ar. Fui caminhando naquela noite bonita e de lua cheia e apesar da hora estava muito claro embora eu tenha estranhado as ruas vazias. Estranhamente vazias. Apesar de só escutar o som dos meus passos tentava achar tudo normal mas quando virei a esquina não muito longe de minha casa uma nuvem cobriu a lua.






A noite esfriou de repente. Dava pra ver a neblina na luz dos postes. Senti um frio intenso. Não era um frio qualquer. Não existia a necessidade de me agasalhar. Não tremia o queixo. Mesmo assim estava gelado. Olhei a rua escura sem ninguém. Pensei em voltar. Mas algo me fez continuar a caminhada. Cheguei ao centro da rua vazia. Vi um homem. Olhá-lo já dava calafrios. Aumentei a velocidade dos meus passos. Passei por ele. E ele me chamou:






-Pablo!






Era como se aquele chamado fosse uma ordem, mas eu não queria ir pois estava com muito medo porém fui até ele porque algo me atraía. Era um homem alto de uns trinta e cinco anos e usava terno preto e aquilo acentuava sua pele pálida – pálida esverdeada – como a apele de alguns defuntos. Parecia que eu estava dentro de um dos meus contos e ele foi dizendo que se chamava Lúcio Feras e falou que eu o havia já desenhado... Então por um momento acreditei nele.






Lúcifer havia vindo me ver. Ele tinha um olhar que parecia me atravessar. Meu medo crescia. Olhei para o fim rua. Não havia ninguém. Voltei meu olhar para ele. Havia sumido e em seu lugar um cheiro estranho e acho que era enxofre embora eu nunca tenha cheirado isso.






Hoje me lembrando desta ocasião acho que meu amigos me pregaram uma peça pois só eles sabem de meus contos e de meus desenhos e é lógico que contrataram um ator chinfrim ou algum conhecido ... Lúcio Feras! Quanta falta de criatividade e o enxofre? que coisa mais clichê. Foram meus amigos.






Mas e o sumiço? E o frio? É melhor parar de pensar nisso depois descubro como eles fizeram. Lúcio Feras, pode!? Agora estou indo dormir pois já é meia-noite.






Peraí. Que merda de barulho é esse na minha jane...