sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

DISTURBIO, Erick Henrique

Douai é uma pequena cidade no interior da França com cerca de 1200 habitantes, onde a maioria das pessoas são católicas fervorosas, e com a família de Jack Forbes não era diferente, Jack era um jovem de apenas 16 anos quando o padre Arthur Martin, um senhor de 75 anos que utilizava os métodos mais arcaicos da igreja católica. Porem nunca tinha feito um exorcismo antes, por isso se preparou bastante antes de ir à casa de Jack. Ao chegar a casa viu que a família avia amarrado o jovem. Ele estava de cabeça baixa, então ergueu- a e com o olhar triste falou:
- Solte- me, por favor, as cordas estão me machucando.


O padre se aproximou cuidadosamente e soltou os braços do garoto, e ele numa incrível velocidade arrancou um crucifixo da parede e cravou no ombro do padre. Enquanto os pais do garoto o tiravam de cima do padre ele gritava:

- Eles aviam me dito que você viria! Eles aviam me dito que você viria!

- Eles quem? Pergunta Arthur.

- Disseram que não posso contar!

Neste momento o jovem entra em convulsão, espumando pela boca, e falando coisas indecifráveis.

Martin benzeu o garoto, falou algumas palavras em latim ele se acalmava, mas por pouco tempo. E essa tortura se deu por anos quase todos os dias. Jack via coisas, vozes o mandavam fazer coisas ruins, agredir pessoas, matar, e por vezes queimar a própria casa. No aniversario de 19 anos de Forbes o padre finalmente consegue dar fim as possessões, foi o melhor presente possível para o garoto, o dia mais feliz da vida daquela família.

Ao completar 20 anos Jack Forbes decidiu ir para Paris, terminar seus estudos. Em Paris ele aprendeu a beber fez amizades e em uma noite solitária conheceu a bela Lilith, uma jovem sombria e solitária que fascinava Jack. Após poucos dias já moravam juntos, Jack fazia tudo que Lilith pedia, varias vezes arrumou confusão por ela falar que alguém em um bar, por exemplo, avia passado a mão nela ou dito algo. Ele parou de sair com os amigos, pois já avia brigado com todos.

Após dois anos de relacionamento não saia mais de casa, não dava mais noticias aos pais e amigos, até que um dia dois policiais e dois enfermeiros bateram na porta daquele homem, bateram, bateram e não tiveram nenhuma resposta, arrobaram a porta e viram Jack Forbes sentado, no chão, muitos ratos e baratas pela casa que fedia a coisa podre, roupas e comida estragada espalhada pela casa, nas paredes muitas coisas escritas, corações escrito “Jack e Lilith”. Forbes continuava imóvel e sem dizer uma palavra, um homem notavelmente perturbado cabelos e barba a fazer aparentava fazer muitos dias q não tomava banho, unhas grandes, olhos arregalados e vermelhos. Vagarosamente os enfermeiros chegavam perto, enquanto um dos policiais passava um radio.

-O encontramos, é de dar pena!

- Saiam de perto de mim! Lilith não gostou de vocês- gritou Forbes

Correu para a cozinha e pegou uma faca, mas foi dominado pelos policias e enfermeiros antes que pudesse tentar qualquer coisa.

-Calma meu amigo, recebemos um chamado falando de barulhos estranhos e um mau cheiro vindo deste lugar, disseram que o morador tinha algum tipo de distúrbio... Calma! Não vamos machucá-lo- disse um dos policias.

Mas Jack gritava desesperadamente: - Não quero deixar a Lilith, vejam ela esta chorando! –Lilith...

Jack Forbes foi internado, medicado e alimentado.

Um dia ao receber mais uma vez a visita do medico recebeu a noticia:

- Acho melhor você ir para casa dos seus pais no interior, me falou que moravam lá, vai ser bom para você, apenas não se esqueça de tomar os remédios.

Ao chegar à casa dos pais sua mãe olha pra ele para um pouco, não era mais aquele garoto, era um homem, bem vestido, cabelo penteado, barba bem feita. Ela enche os olhos de lagrimas da um abraço bem apertado e fala:

- Que bom que está de volta filho.

-Cadê o pai, ele não vem me receber?

-Seu pai morreu meu filho, agora você é o homem da casa e é responsável pela lavoura!

Jack entra em casa correndo, olha cômodo por cômodo da casa. Senta em um canto e fica por lá até amanhecer. Levanta-se. Vai até o quarto. Deita e dorme.

Na manhã seguinte acorda cedo e vai trabalhar como seu pai fazia. Segui assim todas as manhãs.

Após um tempo sua mãe notou que ele estava agindo de forma estranha, os animais estavam cada vez mais magros e ela não via resultado nas lavouras, resolveu então segui-lo assim que ele acordasse e assim fez.

Ao chegar à plantação, estava tudo seco nas arvores corações escrito “Jack e Lilith” e Forbes falando sozinho, veio à cabeça de sua mãe a imagem de anos atrás, o exorcismo, aquela tortura, ela senta e chora, neste momento Jack a vê vai até ela e diz:

- Não de preocupe minha mãe, Lilith falou que isso logo terá um fim, e que tudo se resolverá...

Três dias depois os familiares e antigos amigos de Forbes recebem a noticia, Jack Forbes se suicidou cortando a própria garganta com uma foice usada na lavoura, o enterro será às 4h.

No enterro uma das pessoas vê um vidrinho lacrado com o nome rivotril, todos estavam chorando, menos a mãe de Jack que olha para o lado e diz:

Calma Lilith, você tem a mim agora!

sábado, 5 de dezembro de 2009

CONSCIENCIA DE UM DERROTADO, Erick Henrique

Amigo!


É uma bela vista daqui de cima, não achas?

Queres fazer parte deste cenário, não é?

É uma boa idéia, visto que tu já sem esperanças não tem mais o que fazeres da vida.

Pois é, jovem amigo são muitos os motivos para um suicídio, tuas duvidas cada vez maiores, aquela mulher que amas vai embora, nunca arrumastes um emprego descente na vida, e por falar em vida, ele realmente é uma bosta! Nada dá certo, por maior que fosse teu esforço, aquele professor sempre pegava no seu pé, sempre levastes a culpa por coisas que teu irmão fez. Cara! O Black Sabbath já era! E como se não bastasse fostes assaltando há poucos instantes por um moleque, eu sei, foi a gota d’ água.

São muitos os motivos para que pules!

Tu, és um fodido, meu irmão!

É realmente alto. Já sonhastes voando?

Vai!

O que foi? Fraquejou?
Eu sabia!

Falei-te os motivos que te fazem querer pular, mas é lógico que existem os motivos para desistires desta insensatez, a balança não está vazia do outro lado, mas cabe a você julgar qual lado pesa mais.

Tu vais pular e deixar seus sonhos para traz?

Sempre quisestes se formar, e agora?

Tua banda, sonhada desde a adolescência e agora concretizada, como fica?

Se o Black Sabbath voltar à formação original você não vai querer estar lá para vêr?

Você nunca mais comerá aquela torta que sua mãe faz e você adora.

E aquele amigo que contigo tomava Wisk e fazia revoluções de bar.

E teu cachorro sempre brincando com você quando você chega, vai deixá-lo esperando para sempre?

Seus próximos amores que estão a vir?

Nunca mais abraçaras teu amigo e dar-lhe-á um beijo na testa sem achar isso gay, só porque ele teve mais uma decepção amorosa.

Nunca terás a chance de agradecer aquele estranho que te ajudou quando estavas perdido.

Não trocaras de canal para um programa mais erótico quando teu pai estiver assistindo TV só para deixá-lo embaraçado.

E quando mandarás teus amigos tomarem no cu só para rir deles depois?

Não ficaras mais com a barriga doendo de tanto rir com desenhos animados.

E aquela menina linda que sempre quisestes falar com ela e te faltava coragem?

Jamais farás uma prova na faculdade bêbado.

Nunca mais iras ver esta bela vista novamente!

Como eu já avia dito antes, tu és um fodido! Como pudestes pensar em matar- se com tudo isto?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

BASTARDO, Erick Henrique

Meu nome é Samuel, tenho quarenta e três anos, não conheci meu pai, e minha mãe me deixou em um orfanato quando eu tinha sete anos, sofri muito, mas minha mãe falou que era para meu bem, pois ela não tinha condições financeiras para me manter. Lembro-me dela falando sobre meu pai, “um homem alto, bonito e aventureiro”, um aventureiro que tinha varias mulheres por onde passava, até que um dia encontrou uma mulher por quem apaixonou-se (essa mulher não era a minha mãe). Quando ele casou-se minha mãe estava grávida de mim, mas achou melhor não falar para ele. Hoje trabalho em um hospital não sou medico ou enfermeiro, sou um faxineiro, sou uma pessoa frustrada eu queria mesmo era trabalhar em um navio, viajar, conhecer pessoas, ir de cidade em cidade- como meu pai fazia, ele vivia no mar, em grandes embarcações- eu me lembro de quando eu estava no orfanato imaginando a imensidão do mar e um navio conseguindo desbravá-lo e meus colegas zombavam de mim faziam musicas para me ofender.


Só contei isso para mostrar como eu uma pessoa desiludida posso ter mais sentimentos para com um paciente deste hospital que a sua própria família. Esse paciente era um velho solitário que deu entrada no hospital a dois meses atrás quando teve uma parada cardiorrespiratória que foi quase fulminante, um diabético com uma infinidade de problemas cardíacos, um homem com um olhar triste, solitário, melancólico, ele sempre passava a mão nas duas alianças no seu dedo, isso sempre me dava um aperto no coração.

Ouvi um boato de que um antigo comandante aposentado da marinha estava internado no quarto 473, então fui lá correndo para arrumar o quarto (lógico que foi apenas uma desculpa) Cheguei lá e perguntei:

- Boa noite, está tudo em ordem¿

E ele respondeu:

-Claro que não! Não posso comer nada só mato e comida sem gosto, não me deixam nem tomar meu Wisk.

Então ele abriu um sorriso.

Assim conheci o comandante que tinha o mesmo nome que eu, e ficamos amigos. Eu adorava quando ele contava suas aventuras, como quando salvou de um afogamento um de seus subordinados, todas as mulheres que teve, até encontrar sua verdadeira paixão, Carmem era o nome dela, por ela deixou todas as outras, com ela teve uma filha, que foi criada com todo amor que se pode dar a uma criança, hoje ela tem dois filhos, é casada e ocupada de mais para visitar o pai, que um dia foi rico e está falido, pois gastou todo seu dinheiro no tratamento de Carmem contra um câncer, tratamento esse que foi inútil. Agora ele vive com a aposentadoria que recebe.

Eu ia vê-lo e ouvi-lo todos os dias às vezes ele quase que me implorando pedia que eu levasse em uma pequena garrafinha o seu tão sagrado Wisk, levei poucas vezes, mas me arrependi de todas. Um dia quando estava fazendo minha rotineira visita ao quarto 473 encontrei-o vazio, fui correndo a recepção.

-Onde está o senhor do 473?

-Esta na U T I, teve uma crise (explica a secretaria).

Olhei do lado de fora pelo vidro por não poder entrar, e observei todos aqueles aparelhos ligados a ele. Ele ficou lá algumas semanas e sua filha só foi vê-lo duas vezes, então ele acordou em uma manhã um pouco nublada passou um tempo em observação e recebeu a noticia que poderia ir para casa, então ele veio me contar com a voz tremula e baixinha:

-Samuel meu amigo, estou melhor já posso ficar com minha família, um dia volto para visitar-lhe.

É... Ele nunca mais voltou para me visitar, morreu no outro dia, na verdade os médicos só queriam que ele vice a família antes de morrer. Fiquei sabendo do horário de seu enterro e fui dar meu ultimo adeus.

Havia muita gente, sua filha estava ao lado do marido.

Começou a chover, as pessoas foram saindo uma a uma inclusive sua filha, até ficar apenas eu, fui a única pessoa a ver a terra cobrir completamente o caixão. Tirei do bolso do meu casaco uma garrafinha com um pouco de wisk e derramei em cima da cova como em um ritual.

-Adeus meu grande amigo Comandante Samuel.

domingo, 29 de novembro de 2009

UM DIA NUBLADO, Erick Henrique


Era um dia nublado Romeu estava na rua quando a tempestade caiu, ele correu para se abrigar embaixo da sacada de um prédio, quando viu uma bela jovem que saltitava, enfiando seus pés em possas d’água, não era uma jovem qualquer era a mais linda jovem que já vira, ela se aproximava, e ele ficava cada vez mais inquieto, estão ela chega, para ao lado dele. Ele a observa, a roupa grudada aquele corpo, ele não conseguia tirar os olhos dela, os cabelos encaracolados e negros até o ombro, os grandes olhos brilhantes, o sorriso, ela sorria com imensa felicidade, e que belo corpo ela tinha, era impossível não sentir- se atraído, sobe novamente seu olhar para o olho dela, ela também o olhava, um breve instante de silencio é quebrado pelo riso gostoso daquela jovem. Então ela sai correndo novamente e saltando pela rua, ele a observa por um tempo e depois também corre. A chuva torna- se cada vez mais forte, ela vira a esquina e Romeu a perde- a de vista. Barulho, uma freada, gritos; Ele apreça- se, quando da de cara com a linda jovem caída. Ela avia sido atropelada, a multidão ao redor apenas olhava a moça desfalecida, aquilo chocava. Em pouco tempo chega à ambulância, ele anota a placa do corro SPS1312, o que não adianta de nada, os paramédicos a examinam, mas ela já avia morrido, tentam tudo que é possível, mas ela não reage. Ele grita desesperado:


- Não pode ser...

Eram 11 meses de um intenso e verdadeiro amor.

Três dias após o acidente Romeu é enterrado.